sexta-feira, 12 de abril de 2013

Biblioterapia: a leitura que traz saúde pode fazer parte do SUS

Projeto de Lei em trâmite na Câmara Federal quer levar procedimento para todos os hospitais do país. 

Por Elizângela Isaque - Da Equipe Medicando 


A leitura indicada para tratar desordens de insônia, por exemplo, requer textos de leitura lenta e repetitiva. Já as ficções romanceadas ajudam na elaboração de conflitos pessoais, sendo indicadas para diferentes problemas psiquiátricos, como a poesia, para os esquizofrênicos
A utilização da literatura para tratar pacientes com transtornos psíquicos e emocionais, modalidade terapêutica conhecida como biblioterapia, tem crescido em de todo o mundo. Centros de pesquisa como o Veterans Administration – que cuida da saúde dos militares americanos – e o Instituto Sonia-Shankman para crianças psicóticas, em Chicago, afirmam que essa prática tem sido uma importante aliada de tratamento de disfunções como, distúrbio do sono, depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar, dependência química e principalmente na prevenção de várias doenças.

 E é com base nessas referências que o deputado federal Giovani Cherini (PDT-RS) criou um projeto de Lei, que visa incluir a biblioterapia em todos os hospitais públicos do país e naqueles contratados ou conveniados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No documento, um dos argumentos do parlamentar destaca que, além de humanizar o ambiente hospitalar essa técnica, de acordo como a doença, ameniza em até 80% os sintomas dos pacientes.

O que é

Em linhas gerais, a biblioterapia pode ser definida como a prescrição de materiais de leitura com função terapêutica, que abrange tanto a leitura de estórias, com comentários adicionais, quanto a interpretação de texto. Registros históricos demonstram que ela é utilizada desde a Idade Antiga e que a utilização da leitura como coadjuvante em tratamentos médicos tem sido recomendada desde o século 19.
Por meio da biblioterapia, profissionais habilitados – psicólogos, psicoterapeutas, psiquiatras e bibliotecário com formação terapêutica – selecionam o conteúdo literário a ser direcionado ao paciente de acordo com o tipo, tamanho dos textos e ritmo de leitura, entre outros aspectos, Ou seja, para cada disfunção psíquica ou de ordem emocional é escolhido o material específico de acordo com os resultados desejados.
Nesse sentido, a leitura indicada para tratar desordens de insônia, por exemplo, requer textos de leitura lenta e repetitiva, ao invés de romances que caráter excitante. Por outro lado, ficções romanceadas podem ajudar na elaboração de conflitos pessoais, por isso são indicadas para diferentes problemas psiquiátricos. Especialistas afiram que alguns pacientes psicóticos, como portadores de esquizofrenia, têm uma excelente adaptação a poesias e outros textos altamente simbólicos.

Embora no Brasil a importância da biblioterapia ainda não seja de conhecimento de grande parte dos profissionais e, consequentemente, pouco utilizada na maior parte do país, Cherini destaca que, em várias localidades esse quadro apresenta mudanças.  “Hoje, vem sendo desenvolvida por equipes interdisciplinares com constante participação dos bibliotecários, psicólogos e médicos, sendo no Brasil as regiões Sul e Nordeste as que concentram os maiores índices de aplicabilidade”, afirmou.

A Sociedade Brasileira de Biblioterapia Clínica, localizada na cidade de Embu, em São Paulo, é a primeira organização criada especificamente para a formação de profissionais específicos para o exercício da função, com conhecimento de diversas áreas ligadas ao tema. Além disso, ela busca desenvolver pesquisas e ações acerca do tema, agregando conceitos das áreas médicas e educacionais.
Autorização
Pela proposta do deputado Cherini, os materiais de leitura com função terapêutica só poderão ser prescritos e vendidos após autorização específica do Ministério da Saúde. Os livros autorizados terão um selo com a inscrição “Recomendado pelo Ministério da Saúde”.

O projeto prevê, ainda, que os familiares dos pacientes também poderão participar das atividades de biblioterapia, desde que após prescrição médica, e autoriza a venda de obras biblioterápicas em farmácias, drogarias e livrarias.
Tramitação
O projeto, que tramita em *caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania.
*Caráter conclusivo - Rito de tramitação pelo qual o projeto é votado apenas pelas comissões designadas para analisá-lo, dispensada a deliberação do Plenário. O projeto perde o caráter conclusivo se houver decisão divergente entre as comissões ou se, independentemente de ser aprovado ou rejeitado, houver recurso assinado por 51 deputados para a apreciação da matéria no Plenário.
Fonte: Agência Câmara de Notícias/ Uol

Disponível em: http://www.medicando.com.br/conteudo/destaque/biblioterapia-a-leitura-que-traz-saude-pode-fazer-parte-do-sus - Acesso em 12/04/2013

Nenhum comentário:

Postar um comentário